A leptospirose é uma doença que acomete animais e humanos, portanto trata-se de uma zoonose (doenças que são transmitidas de animais para humanos). Ela é causada por bactérias chamadas leptospiras, que são eliminadas na urina de animais portadores, sem sintomas ou doentes. Esse gênero de bactérias possui mais de 250 sorovariedades causadoras da infecção. Cada sorovar tem aptidão por determinadas espécies de animais, exceto os peixes e as aves que não são acometidos pelas leptospiras.
Nas regiões urbanas, os principais reservatórios dessas bactérias são os roedores, principalmente a ratazana ou o rato do esgoto (Rattus Norvegicus). Essas bactérias são eliminadas para o meio ambiente na urina desses animais e ao encontrar condições adequadas, entre elas a umidade, elas podem permanecer viáveis no solo ou na água por muito tempo. Um dos momentos mais críticos para a transmissão dessa doença é no pós-enchente, quando a água baixa, restando a lama e os roedores ou outros animais portadores das leptospiras vagando à procura de alimentos, água e abrigo.
Esse é o momento do retorno das pessoas às casas ou locais de trabalho para resgatarem bens e realizarem a limpeza do local, propiciando o contato com as leptospiras. As pessoas expostas às enchentes, áreas alagadas, lama, coleções hídricas, esgotos, fossas, lixo, entulho e manejo animal, podem se infectar com as leptospiras, que penetram ativamente pela pele e pelas mucosas. O período de incubação desta doença pode variar de 24 horas a 30 dias, em média entre 07 e 14 dias.
Os primeiros sintomas da leptospirose são:
● Febre alta (38,0°C);
● Dor de cabeça (Cefaléia);
● Dores musculares generalizadas (mialgia), mais acentuadas na barriga da perna (panturrilha), como as de um resfriado forte, porém sem coriza
O tratamento dessa doença é realizado com a administração de antibióticos, medidas gerais com medicações sintomáticas para a febre, para as dores, e com a hidratação do paciente. O tratamento deve ser instituído o mais precoce possível, diminuindo a possibilidade da doença evoluir para formas mais graves, como a hemorrágica e a icterohemorrágica, muitas vezes fatais.
A confirmação diagnóstica é realizada por exames laboratoriais e o início do tratamento do paciente não deve ser postergado na espera dos resultados desses exames. Os diagnósticos diferenciais na leptospirose humana são: gripe, síndromes diarreicas, febre tifóide, malária, hepatites infecciosas, principalmente a hepatite tipo A. Febre amarela, pneumonias, colangite, colecistite, sepse, hantavirose, dengue e outras arboviroses, pielonefrite e infecção urinária.
A prevenção é a medida mais eficaz no combate à leptospirose. Quando possível, a desinfecção do local deve ser feita com hipoclorito de sódio (água sanitária), antes do início do processo de limpeza, da remoção dos objetos, do lixo e do entulho. O uso de botas e luvas de borracha também podem auxiliar na prevenção dessa doença.
* Por Prof. Dr. Marcos Vinicius da Silva – CRM/SP 36.708